Nos arquivos da consciência

Dilacerados papéis e letrinhas
mofados pelo tempo ido
lembranças vagueiam fantasmagóricas
horripilantes espectros de mim mesmo
nas frestas das janelas antigas da alma
passa um vento cálido de bafo
que sussura na nuca eriçada
palavrinhas e palavrões
nos arquivos da consciência

foi-se o tempo da brincadeira
das velas acesas e risos
da tremedeira epilética dos médiums
da inocência do mistério

Fie-te apenas em ti
que as horas se esgotaram
as memórias emboloraram
os amores escorreram
o sexo murchou

E na hora derradeira
ante o céu e o inferno
o diabo é o anjo que perdeu as asas

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *